sábado, 19 de março de 2011

Os três conselhos

Um casal de jovens recém-casados, era muito pobre e vivia de
favores num sitio do interior.
Um dia o marido fez a seguinte proposta a esposa:
 - Querida eu vou sair de casa, vou viajar para bem longe, arrumar um emprego e
trabalhar até ter condições para voltar e dar-te uma vida mais digna e
confortável. Não sei quanto tempo vou ficar longe, só peço uma coisa, que você
me espere e, enquanto estiver fora, seja fiel a mim, pois eu serei fiel a você.

Assim sendo o jovem saiu. Andou muitos dias a pé, até que
encontrou um fazendeiro que estava precisando de alguém para ajudá-lo em sua
fazenda.

O jovem chegou e ofereceu-se para trabalhar, no que foi
aceito.

Pediu para fazer um pacto com o patrão, o que também foi
aceito.

O pacto seria o seguinte: – Me deixe trabalhar pelo tempo
que eu quiser e quando eu achar que devo ir, o Senhor me dispensa das minhas
obrigações. Eu não quero receber o meu salário. Peço que o Senhor o coloque na
poupança, até o dia em que eu for embora. No dia em que eu sair o Senhor me dá
o dinheiro e eu sigo o meu caminho.

Tudo combinado.
Aquele jovem trabalhou durante vinte anos, sem férias e sem
descanso.

Depois de vinte anos chegou para o patrão e disse: – Patrão,
eu quero o meu dinheiro, pois estou voltando para a minha casa.

O patrão então lhe respondeu: – Tudo bem, afinal, fizemos um
pacto e vou cumpri-lo, só que antes, quero lhe fazer uma proposta, tudo bem? Eu
lhe dou todo o seu dinheiro e você vai embora ou eu lhe dou três conselhos e
não lhe dou o dinheiro e você vai embora. Se eu lhe der o dinheiro eu não lhe
dou os conselhos e se eu lhe der os conselhos eu não lhe dou o dinheiro. Vá
para o seu quarto, pense e depois me de a resposta.

Ele pensou durante dois dias, procurou o patrão e disse-lhe:
- Quero os três conselhos.

O patrão novamente frisou: – Se lhe der os conselhos, não
lhe dou o dinheiro.

E o empregado respondeu:- Quero os conselhos.
O patrão então lhe falou: 01) Nunca tome atalhos em sua
vida, caminhos mais curtos e desconhecidos podem custar a sua vida; 02) Nunca
seja curioso para aquilo que é mal, pois a curiosidade pro mal pode ser mortal;
03) Nunca tome decisões em momentos de ódio ou de dor, pois você pode se
arrepender e ser tarde demais.

Após dar os conselhos, o patrão disse ao rapaz, que já não
era tão jovem assim:- Aqui você tem três pães, dois para você comer durante a
viagem e o terceiro é para comer com sua esposa quando chegar a sua casa.

O homem então, seguiu seu caminho de volta, depois de vinte
anos longe de casa e da esposa que ele tanto amava.

Após o primeiro dia de viagem, encontrou um andarilho que o
cumprimentou e lhe perguntou: – Pra onde você vai?

Ele respondeu: – Vou para um lugar muito distante que fica a
mais de vinte dias de caminhada por esta estrada.

O andarilho disse-lhe então: – Rapaz, este caminho é muito
longo, eu conheço um atalho que “é dez” e você chega em poucos dias.

O rapaz contente, começou a seguir pelo atalho, quando
lembrou-se do primeiro conselho, então voltou e seguiu o caminho normal.

Dias depois soube que o atalho levava a uma emboscada.
Depois de alguns dias de viagem, cansado ao extremo, achou
uma pensão à beira da estrada, onde pôde hospedar-se.

Pagou a diária e após tomar um banho deitou-se para dormir.
De madrugada acordou assustado com um grito estarrecedor.
Levantou-se de um salto só e dirigiu-se à porta para ir até
o local do grito. Quando estava abrindo a porta, lembrou-se do segundo
conselho. Voltou, deitou-se e dormiu.

Ao amanhecer, após tomar o café, o dono da hospedagem lhe
perguntou se ele não havia ouvido um grito e ele disse que tinha ouvido. O
hospedeiro disse: E você não ficou curioso? ele disse que não. No que o
hospedeiro respondeu: – Você é o primeiro hóspede a sair vivo daqui, pois meu
filho tem crises de loucura; grita durante a noite e quando o hospede sai,
mata-o e enterra-o no quintal.

O rapaz prosseguiu na sua longa jornada, ansioso por chegar
a sua casa.

Depois de muitos dias e noites de caminhada… Já ao
entardecer, viu entre as árvores a fumaça de sua casinha, andou e logo viu
entre os arbustos a silhueta de sua esposa.

Estava anoitecendo, mas ele pôde ver que ela não estava só.
Andou mais um pouco e viu que ela tinha entre as pernas, um homem a quem estava
acariciando os cabelos.

Quando viu aquela cena, seu coração se encheu de ódio e
amargura e decidiu-se a correr de encontro aos dois e a matá-los sem piedade.

Respirou fundo, apressou os passos, quando lembrou-se do
terceiro conselho. Então parou, refletiu e decidiu dormir aquela noite ali
mesmo e no dia seguinte tomar uma decisão.

Ao amanhecer, já com a cabeça fria ele disse: – Não vou
matar minha esposa e nem o seu amante. Vou voltar para o meu patrão e pedir que
ele me aceite de volta.

Só que antes, quero dizer a minha esposa que eu sempre fui
fiel a ela.

Dirigiu-se à porta da casa e bateu. Quando a esposa abre a
porta e o reconhece, se atira ao seu pescoço e o abraça afetuosamente.

Ele tenta afastá-la, mas não consegue. Então com lágrimas
nos olhos, lhe diz: – Eu fui fiel a você e você me traiu. . .

Ela espantada lhe responde: – Como? Eu nunca te trai,
esperei durante esses vinte anos.

Ele então lhe perguntou:- E aquele homem que você estava
acariciando ontem ao entardecer?

E ela lhe disse: – Aquele homem é nosso filho. – Quando você
foi embora, descobri que estava grávida. Hoje ele está com vinte anos de idade.

Então o marido entrou, conheceu, abraçou seu filho e
contou-lhes toda a sua historia, enquanto a esposa preparava o café.

Sentaram-se para tomá-lo e comer juntos o último pão. Após a
oração de agradecimento, com lagrimas de emoção, ele parte o pão e ao abri-lo,
encontra todo o seu dinheiro, o pagamento por seus vinte anos de dedicação.

Muitas vezes achamos que o atalho “queima etapas”
e nos faz chegar mais rápido, o que nem sempre é verdade…

Muitas vezes somos curiosos, queremos saber de coisas que
nem ao menos nos dizem respeito e que nada de bom nos acrescentará…

Outras vezes, agimos por impulso sem refletir sobre nossos
atos e suas conseqüências e fatalmente nos arrependemos depois…

Fonte: Autor Desconhecido

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